Grupo contava com a participação de um frentista, que anotava os dados dos cartões dos clientes. Movimentação chega a R$ 2 mil. Engana-se quem pensa estar livre de golpes por ter um cartão de crédito com chip. Uma quadrilha de estelionatários,desarticulada ontem, arrecadou cerca de R$ 2 milhões nos últimos seis meses ao copiar informações dos clientes em um posto de gasolina na Asa Sul. Um frentista do estabelecimento anotava ou memorizava os dados e repassava para o restante do bando. Com isso, os criminosos compravam passagens aéreas, ingressos de grandes eventos, roupas de grife e eletrônicos, muitas vezes, pela internet.
A organização criminosa era pequena, mas bem articulada. Durante seis meses, a Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), da Polícia Civil do DF, monitorou os movimentos dos cinco suspeitos. Na manhã de ontem, eles foram presos durante a Operação Contrare. As detenções ocorreram em Samambaia, em Vicente Pires e em Goiânia. Edmílson Neves Lobão, 24 anos, é apontado como o líder da quadrilha. Além de gerenciar o dinheiro oriundo das fraudes, ele fazia as compras pela internet. Alguns produtos eram para uso pessoal, outros, colocados para revenda. Na casa dele, os agentes apreenderam duas caixas de alianças de ouro.
Estima-se que mais de 2 mil pessoas que abasteceram os veículos no posto da Asa Sul tenham sido lesadas pelo grupo. O frentista Cleiton Barbosa de Sousa, 27 anos, era o responsável por furtar as informações dos clientes. Ele anotava ou memorizava o número do cartão, a data de validade e os três números do código de segurança, que fica no verso. Com o esquema desmascarado, Cleiton foi demitido.
Segundo a polícia, não há outros trabalhadores do estabelecimento comercial envolvidos. O Correio conversou com um colega de serviço de Cleiton. Sem se identificar, ele disse nunca ter desconfiado do amigo. “Se ele fazia essas maracutaias aqui, na nossa cara, ele era muito esperto e discreto. Ninguém nunca percebeu nada de anormal”, afirmou.
Novo golpe
A polícia acredita que o segundo homem da quadrilha era Kelson Reis Salgado, 38 anos. Ele tinha uma das funções mais complexas do grupo, pois falsificava documentos e os apresentava em imobiliárias. Praticamente a cada mês, o acusado alugava um apartamento em Águas Claras a fim de receber grandes remessas de produtos comprados com o dinheiro desviado. Para não chamar a atenção da polícia e dos moradores, raramente, passava mais de 30 dias no mesmo endereço.
De acordo com o titular da Corf, delegado Jefferson Lisboa, o grupo estava disposto a iniciar um novo tipo de golpe. “Na casa de um deles, apreendemos uma máquina de fazer cartão e outra para prensar documentos. A intenção deles era começar a cloná-los”, afirmou.
Como os consumidores eram ressarcidos ao perceberem terem sido fraudados, o prejuízo ficava para as operadoras de cartão de crédito. Embora tenha prendido os cinco suspeitos, Lisboa disse que a operação terá continuidade. Segundo ele, as investigações demonstram a existência de um esquema semelhante instalado em outros segmentos comerciais.
Fonte: Jornal Correio Braziliense