
O Brasil amanheceu rachado na segunda-feira 6 de outubro, dia
seguinte ao primeiro turno das eleições presidenciais que colocaram os
candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) na fase seguinte da
disputa. As primeiras pesquisas de intenção de voto, a munição pesada
das campanhas contra o adversário e a aparente blindagem do eleitor nas
redes sociais prepararam o terreno para que uma batalha se estabelecesse
no País.
Embora a agressividade só tenha se acirrado nas
últimas semanas, a divisão de lados começou cedo, em junho, quando PT e
PSDB lançaram seus candidatos. No evento petista, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou em discurso que "a elite brasileira está
conseguindo [...] despertar o ódio de classes”.
Na convenção adversária,
Fernando Henrique Cardoso se referiu aos petistas como “os corruptos,
os ladrões que ficam empulhando o Estado”. Quando
o segundo turno chegou, a inevitável polarização de tucanos e petistas
foi reeditada. Motivados pela popularização das redes sociais e pelo
empate dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto, os eleitores
decidiram entrar de vez na disputa e tomar um lado a qualquer custo.
No
mundo virtual, eleitores trocam acusações, rompem amizades e dão um
tempo nos grupos familiares. De um lado, petistas acusam tucanos de
privatistas, elitistas, tucanalhas, playboys, reacionários, riquinhos,
coxinhas ou sugerem que eles se tratem no SUS para conhecer as
necessidades dos pobres. Do outro, eleitores de Aécio chamam petistas de
ditadores, petralhas, mensaleiros, ignorantes, terroristas e sugerem
que seus rivais tratem da saúde com médicos cubanos.