
A fina garoa paulistana que molhava a Praça Roosevelt na noite de
quinta-feira não foi suficiente para afastar os quase 15 mil
manifestantes que cercavam o carro de som para ouvir o líder dos
movimentos que lutam por moradia.
Andando de um lado para outro,
Guilherme Boulos distribuía ordens aos militantes, chamava a atenção da
polícia para um manifestante que passava mal e, ao assumir o microfone
para fechar o evento, pediu às mulheres que fechassem os ouvidos.
“Intervenção
militar é o c... Será o poder do povo pelas reformas populares”, gritou
com eloquência o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), numa clara resposta aos grupos de direita que, no outro polo
ideológico, bradam também em manifestações de rua pelo impeachment da
presidente reeleita Dilma Rousseff e por um novo golpe militar.
As
manifestações, num período que se imaginava de calmaria com o
encerramento da eleição, revelam que a luta de classes está a todo vapor
e, caso o caldo entorne – previsão da qual nem os mais conservadores
analistas discordam –, esquerda e direita vão disputar palmo a palmo nas
ruas o destino do segundo mandato de Dilma.“Burguesada”