
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou neste
sábado uma fazenda de cultivo de milho no interior do Rio Grande do Sul
em protesto contra a eventual nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO)
para o Ministério da Agricultura.
A indicação da senadora, ligada à
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi repudiada por movimentos
sociais e por setores mais à esquerda do partido da presidente Dilma
Rousseff, o PT.
No final da manhã, cerca de dois mil
jovens do MST e de entidades de camponeses, que participavam de um
acampamento internacional de sem-terra em Palmeira das Missões (RS),
invadiram a fazenda de um ex-prefeito da cidade, reconhecida pelo
cultivo de milho. A fazenda fica localizada à margem da BR-158, que liga
o estado ao oeste de Santa Catarina.
A região é uma das mais
importantes produtoras de milho do Sul do país. Segundo os dirigentes do
MST, a fazenda planta milho transgênico, o que é combatido pelos
movimentos camponeses.
Em nota, a entidade
considerou o ato um “recado” à possível ministra. Ruralista, Kátia Abreu
foi chamada por dirigentes do MST de “símbolo do agronegócio” e a
fazenda ocupada teria sido escolhida por causa do uso de sementes
transgênicas.
O protesto durou poucas horas e, segundo a Polícia
Rodoviária, transcorreu sem conflito e foi acompanhado por viaturas
policiais. Os jovens derrubaram uma cerca para entrar na fazenda e,
diante da sede, fizeram um discurso contra o agronegócio, a cultura de
transgênicos e a indicação da senadora para o governo.
Ainda
não oficializada, a nomeação da senadora não foi bem recebida nem mesmo
por setores de seu partido, o PMDB, já que ela ingressou na legenda há
pouco tempo, oriunda do PSD. Antes, fora filiada ao DEM.
Dentro do PT,
principalmente nas alas à esquerda do partido, a possível nomeação
também virou alvo de crítica. Neste sábado, o MST informou que o
protesto na fazenda de Palmeira das Missões seria o primeiro ato contra a
senadora. No título do texto do movimento, uma ironia: “Bem-vinda,
Kátia Abreu”.
O Globo tentou contato com os
proprietários da fazenda e com a senadora, mas não obteve resposta. Até o
final da tarde, o caso não tinha sido informado à Polícia Civil nem à
Militar na região. A Polícia Rodoviário informou que, depois do
protesto, os sem-terra retornaram ao local do acampamento que reúne
jovens de entidades camponesas de 18 países.