“Eu colocava a culpa nos meus seios, que são grandes, no
hipotireoidismo, em tudo, menos no fato de ter crise compulsiva e comer
cinco trufas em cinco minutos. Eu não me aceitava, não me olhava no
espelho, não admitia que estava tão gorda – e ninguém tinha a coragem de
me dizer”, conta.
Até o dia em que ela foi ao consultório de uma mastologista, com o
intuito de fazer uma cirurgia de redução de mamas, e acabou ouvindo tudo
o que precisava – e mais um pouco. De maneira bastante incisiva, a
profissional disse que a secretária escolar era muito jovem para estar
tão gorda, que ela tinha seios proporcionais ao seu tamanho e que
precisava emagrecer antes de pensar em qualquer cirurgia.
Leiliane tentou ponderar, explicou para a médica que fazia dieta, mas
não conseguia emagrecer. “Ela respondeu: ‘Tu não faz dieta, não come
direito, porque quem come direito, emagrece sim. Vou passar o nome de
uma nutricionista’. Ela foi bem dura, eu só queria sair dali. Fui embora
para casa chorando.”
Mas algo de toda aquela conversa, que aconteceu em julho de 2013,
acabou mexendo com Leiliane. Depois de amadurecer a ideia e dividir suas
angústias com o marido, a catarinense marcou uma consulta. “Eu sempre
tive pé atrás com nutricionista, eu pensava que se engordei sozinha,
tinha que emagrecer sozinha. Hoje, não vivo mais sem ela, ela mudou
minha vida”, conta.
Leiliane sempre gostou muito de massa, de pão, de macarrão – e de
doces. “Eu comia errado. O ideal é que a gente coma no almoço um tipo de
carboidrato, eu comia dois ou três”, diz. “Na escola tinha professoras
que vendiam trufa, cada uma comprava uma, eu comprava cinco. Comia cinco
de uma vez só.”
Com a ajuda da nutricionista, a secretária escolar aprendeu a fazer
escolhas mais saudáveis, mas teve que enfrentar um grande desafio: as
verduras. “Quando vi que tinha que comer um verde, fiquei desesperada.
Salada para mim era uma folha de alface e um tomate no meio de um
cheese-salada.
No primeiro dia, fiz meu almoço, comi com muita
dificuldade. Uma amiga sugeriu a rúcula. Quando você está habituada numa
alimentação, no segundo dia já está varada de fome, mas quando botei a
rúcula na boca, me deu ânsia. Comecei a chorar desesperada.”
A
catarinense criou uma página no Facebook em que compartilha dicas e
receitas saudáveis (Foto: Arquivo pessoal/Leiliane Hordina)
A secretária, então, mandou um e-mail para a nutricionista avisando que
ia desistir de tudo, porque não conseguia comer salada, mas a
profissional apresentou alternativas e Leiliane resolveu fazer uma nova
tentativa. “No outro dia, fiz um monte de legume cozido e coloquei uma
folhinha de alface, no outro dia mais uma, no outro dia mais uma.
Hoje
eu não consigo mais passar o dia sem salada, meu organismo pede. Não vou
dizer que amo salada, se pudesse, não comeria mais, não é um prazer.
Não gosto, mas sei que preciso.”
Logo no primeiro mês, Leiliane emagreceu 5,5 kg – o que serviu de
estímulo para que ela continuasse. Ao longo de dez meses, a secretária
eliminou 30 quilos, baixando dos 88 kg para os 58 kg. Atualmente ela
está com 60 kg, mas porque agora voltou para a academia e está fazendo
exercícios para ganhar massa magra.
“Emagreci 30 quilos apenas caminhando na rua. Ficava muito caro pagar
nutricionista, pagar alimentação, então parei a academia e fui para a
rua. Ia com chuva na cabeça, às vezes saía dez da noite. Caminhava uma
hora, uma hora e meia todo dia.”
Leiliane agora faz exercícios para definir o corpo (Foto: Arquivo pessoal/Leiliane Hordina)
Leiliane também criou uma página no Facebook – a “Mais que Dieta” –,
onde compartilha sua história, receitas e dicas. “É uma forma de me
manter focada. Porque, às vezes, a gente desanima. Meu professor da
academia sempre diz: ‘É tanta gente já envolvida que você não pode
desistir.’ Ali eu busco força. Tem dia que a gente está cansado,
irritado, mas, mesmo assim, eu vou. Depois que vou, volto renovada.
Para
mim, a academia é uma terapia.”
Para quem está lutando para perder peso, a sugestão de Leiliane é que a
pessoa se oriente com um profissional capacitado e siga uma dieta
balanceada. “Eu vivi anos fazendo loucuras, indo atrás de dieta de
internet, de revista, e só fui engordando. Emagrecia um quilo, engordava
quatro. É tempo perdido.”
Apesar de ter chegado perto dos 90 kg, Leiliane se recusava a aceitar que estava obesa (Foto: Arquivo pessoal/Leiliane Hordina)
