
Pesquisadores
da Universidade de Tel Aviv, sugeriram que listas de compras
encontradas na Terra Santa, feitas por volta de 600 a.C, pode ter alguma
relevância para o debate sobre quando textos bíblicos foram compostos. O
novo estudo, publicado na "Proceedings of the National Academy of
Sciences", realizado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv,
sugeriu que listas de compras encontradas na Terra Santa por volta de
600 a.C, pode ter alguma relevância para o debate de um século sobre
quando o corpo principal dos textos bíblicos foi composto.
Os
pedidos por vinho, farinha e óleo parecem listas de compras mundanas,
apesar de antigas. Mas uma nova análise da caligrafia sugere que a
capacidade de ler e escrever era bem mais disseminada do que antes se
sabia. Eliashib, o intendente da remota fortaleza no deserto, recebia
suas instruções por escrito, anotações feitas em tinta em cerâmica
pedindo que provisões fossem enviadas para as forças no antigo reino de
Judá. "Há um entendimento do poder da alfabetização. E eles escreviam
bem, praticamente sem erros. Há algo psicológico além das estatísticas",
disse o professor Israel Finkelstein, do Departamento de Arqueologia e
Civilizações Antigas do Oriente da Universidade de Tel Aviv.
O
estudo se baseou em um conjunto de cerca de 100 cartas escritas com
tinta em pedaços de cerâmica, conhecidos como óstracos, que foram
descobertos perto do Mar Morto em escavações do forte Arad, décadas
atrás, e datados de cerca de 600 a.C. Isso foi pouco antes da destruição
de Jerusalém e do reino de Judá por Nabucodonosor, e o exílio de sua
elite para a Babilônia e antes de quando muitos acadêmicos acreditam que
grande parte dos textos bíblicos, incluindo os cinco livros de Moisés
também conhecidos como Pentateuco, foram escritos de forma coesa.
O
novo estudo combinou arqueologia, história judaica e matemática
aplicada, assim como envolveu processamento de imagens por computador e o
desenvolvimento de um algoritmo para distinguir entre os vários autores
emitindo as ordens. Com base na análise dos resultados, e levando em
consideração o conteúdo dos textos, os pesquisadores concluíram que pelo
menos seis mãos escreveram as 18 mensagens mais ou menos na mesma
época. Até mesmo soldados das fileiras mais baixas do exército de Judá,
ao que parece, sabiam ler e escrever.
Um
dos argumentos mais antigos para o corpo principal da literatura
bíblica não ter sido escrito em nada parecido com sua presente forma até
depois da destruição e exílio, em 586 a.C., é que antes não havia
alfabetização suficiente e nem escribas suficientes para a realização de
uma empreitada tão grande. Mas se a taxa de alfabetização no forte Arad
se repetir por todo o reino de Judá, que contava com cerca de 100 mil
habitantes, haveria centenas de pessoas alfabetizadas, sugeriu a equipe
de pesquisa de Tel Aviv. (Notícias ao Minuto)