
Aos 78 anos, senhor Mariano José da Silva exibe vigor inigualável no cultivo de suas hortaliças na primeira Horta Comunitária de Palmas, criada em de 1995 na quadra 1106 Sul. Pioneiro da horta, Silva ostenta ainda o posto de presidente da horta, ou como eles preferem dizer, “dono da chave”, por ser o primeiro a chegar e último a sair.
Mas sua vida nem sempre foi na horta aqui na Capital. Ao chegar a Palmas há mais de 20 anos, sem nenhuma experiência, atuou como muitos que chagaram aqui no início, no ramo da construção civil. Vindo de Colinas com seus seis filhos e a esposa, Maria de Jesus Silva (in memoriam), seu Mariano diz ter saído da roça, mas a roça não saiu deles.
“Assim que chegamos, viemos morar na 1206 Sul e essa horta era a única em Palmas, então minha esposa veio saber como a gente poderia fazer para cultivar aqui também. Logo apareceu vaga e fomos chamados, eram sete canteiros para cada. Eu vinha cedo com ela ajudava a aguar as plantas e ia para o meu serviço, no final da tarde voltava. E assim foi até largar de vez a construção civil há uns 15 anos. Isso aqui é minha vida, vou viver aqui até meus últimos dias. Me ajudou e ajuda muito até hoje”, recordou emocionado falando que a horta serviu como terapia para superar um câncer.
Cultivando diversas hortaliças, como rúcula, coentro, cebolinha e manjericão, nos canteiros de Mariano, é possível encontrar ainda plantas medicinais como carqueja e até mesmo hortelã, vinda da Turquia, um presente dado por uma de suas clientes. Desta forma, com uma boa clientela criou os filhos e mantém seu sustento. “As vendas são sempre boas porque geralmente tem quem prefira comprar na horta”, ressalta.

Este é o caso do comerciante Lourisvaldo Pereira da Silva (conhecido como Valdir), que não abre mão de comprar na horta seja para seu comércio ou consumo próprio. “Aqui na horta a gente vê colhendo na hora, é tudo fresquinho, por isso sempre garanto o cheiro verde e a couve de excelente qualidade para preparar os acompanhamentos dos espetinhos que sirvo”, enfatizou.
Tal qualidade é atestada constantemente pelos técnicos agrícolas da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder), conforme adianta o secretário Roberto Sahium. “Como são hortas comunitárias, prestamos todo tipo de apoio seja na doação de sementes, adubos orgânicos produzidos pela Prefeitura por meio da compostagem de galhadas, irrigação e até mesmo assistência técnica. Neste último caso, as visitas dos nossos técnicos são basicamente semanais, tanto para elucidar qualquer dúvida, quanto para atestar se tudo que está sendo utilizado é de fato orgânico”, enfatizou.
Segundo a engenheira agrícola da Seder, Amanda Oliveira, todos os produtos e manejos utilizados nas hortas de Palmas são orgânicos. “É preciso esclarecer que nem todos os defensivos são agrotóxicos, é o caso do extrato de Neem - composto natural extraído a frio das sementes da árvore do Neem (Azadirachta Indica.) -, um defensivo natural que usamos no combate a muitos insetos indesejáveis como lagartas e cochonilhas”, reforçou a engenheira.
Com isso, ao longo do desenvolvimento da cidade, Palmas chega ao seu 27º aniversário com 20 hortas comunitárias em Palmas. São aproximadamente 50 mil m² de terra sendo cultivadas em diversos pontos da Capital desde as regiões Norte e Sul, Taquari e os distritos de Taquaruçu e Buritirana.
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