
Em sua campanha, Flávia já visitou o Canadá, o México e países do Caribe. A votação deve ocorrer em junho. Ela diz que acredita que terá o apoio de países cujos governos têm viés ideológico diferente do atual governo brasileiro. “Sou apartidária. No passado, a comissão tinha um papel importante na região, para desestabilizar as ditaduras”, diz, e afirma que hoje deve haver uma visão propositiva dos direitos humanos. Ela destaca a capacidade do órgão de promover mudanças na legislação dos países, como, por exemplo, o caso da Lei Maria da Penha, criada segundo uma orientação da CIDH.
Com relação à crise carcerária brasileira de janeiro deste ano, a secretária afirma que todos os países membros da OEA lidam com questões sérias de direitos humanos. A crise carcerária, segundo ela, “era uma bomba relógio, podia estourar a qualquer momento. Estourou em janeiro de 2017, podia ter estourado em janeiro de 2015”, mas destaca que a função da comissão não é apenas avaliar os casos individuais, e sim também promover os direitos humanos para prevenir que violações ocorram. “Acho fundamental que haja um grande investimento na promoção dos direitos humanos, identificando boas práticas regionais”, disse.
Sobre seu trabalho frente à Secretaria de Direitos Humanos, ela anunciou que o governo deve lançar em breve uma campanha publicitária cuja verba acaba de ser autorizada para promover direitos da comunidade LGBT. Flávia defende contudo o papel do Judiciário e do Legislativo e destaca a necessidade de mudar a mentalidade de promotores e juízes: “É preciso haver um pacto.
O Executivo sozinho não dará conta desse desafio”, falou. Entre outras mudanças que acredita serem necessárias na legislação, ela cita a criação de medidas penais alternativas à prisão, o fim do foro privilegiado e o mandato temporário para ministro do Supremo Tribunal Federal, que considera “importante para a independência da corte”. E diz que é preciso ter cuidado com a população mais vulnerável nas reformas da previdência e trabalhista, mas que o apelo da reforma existe para evitar o colapso pelo qual os estados estão passando. “Temos que enfrentar esse desafio, em prol do todo, da sustentabilidade da política, de realizar ajustes e evitar um mal maior”, afirmou.